domingo, 6 de novembro de 2011

o jardim infantil que se tornou a Academia

Aqui há uns tempos dizia eu aqui que a "irreverência coimbrã" não estava morta. Encontrava-se viva e bem viva pelos caminhos da Associação Académica, só que com umas aparições esporádicas. Dizia eu em conversa, algures nos corredores e/ou mesas de café, que não me importava realmente se queriam brincar às direcções-gerais ou aos trampolins políticos, podiam fazê-lo à vontade, desde que não me desarrumassem a casa, que demorou anos a arranjar. Aqui há uns tempos valentes perguntava-me se a Academia ainda tinha o futuro brilhante que lhe deram em todos os seus 124 anos de história. E digo Academia, assim, com A grande, por respeito pelo sítio que me acolheu, não apenas durante um ano, mas por muitos.
Conto já com os seus sete anos e qualquer coisa em Coimbra, oitava matrícula se o considerarmos nesses moldes. Dos quais, dados à Académica, são já seis anos e muito (as tais sete matrículas). E, ao contrário do que muitos pensam, não ando à procura do tacho, nem agarrada ao cargo. Cargos que tive, e ainda foram alguns, nunca me levaram à assinatura de papéis para ganhar melhor estatuto (e se alguma vez assinei alguma acta, nunca usufrui desse mesmo estatuto). Cargos que tive foram pelo mérito do meu trabalho. E é com orgulho que o digo, e até peço que o confirmem, com quem quer que seja. E se estive em mais do que um local, em mais do que uma secção, foi pela vontade de experimentar, de criar, de desenvolver competências, mas principalmente, de aproveitar a oferta que só a Associação Académica de Coimbra tem, para me divertir, para crescer enquanto pessoa e ajudar a crescer a própria AAC. Se me ajudou profissionalmente? Claro. Era estar a mentir se o negasse. Mas se o "amor à camisola" foi sempre maior? sempre.
Em todos esses anos passados na Académica, acho que posso dizer que já vi passar coisas muito boas e muito más. Pessoas muitos competentes e absolutamente idiotas. Já vi situações que não lembravam nem a deus nem ao diabo. Já penei muito ao ver negro o futuro da casa que sempre considerei minha. Mas também já vi o tal futuro risonho onde a voz dos estudantes podia de facto ser ouvida.
Mas nunca, NUNCA, em tanto tempo aqui, vi a gigante "borrada" que andam uns e outros a fazer por aí.

Problemas sempre aconteceram dentro daqueles corredores. Muitos mais do que aqueles que passam cá para fora, para o domínio público, para os jornais e, mais importante, para os chamados "estudantes comuns". Venham-me falar de demissões... quantas Direcções-gerais já não tiveram problemas com dirigentes? Quantas vezes não houve essas "quase" demissões de uns e outros? Quantas Queimas não deram problemas, pelas pessoas que eram da "facção" oposta da DG? Quantas tesourarias de Latadas não eram usadas como recreio para os colaboradores da tesouraria? Quantas vezes não se preteriu uma pessoa por outra, pelos votos e influências? Tenham a santa paciência, mas de politiquices sempre esteve a AAC cheia. Muito antes de qualquer um de nós nascer, já se jogava este jogo aqui dentro.
Agora não me venham com bestialidades como as que se têm vindo a fazer. Lavar a roupa suja nos jornais? Qualquer m*rdinha é razão agora para essas guerras. É uns porque são despedidos, outros porque os despediram. É uns porque não gostaram da forma como o outro falou ao telefone, é outros porque temos as eleições a chegar e temos de os descredibilizar. Daqui a nada é porque alguém foi à casa-de-banho do quinto piso e não lavou as mãos! TENHAM A SANTA PACIÊNCIA! Cresçam, gente! Cresçam e pensem no que estão a fazer à Academia! Ela não é vossa para andar a destruir!
Pensem na imagem que passa da académica - imagem de que crianças andam a brincar aos adultos, a brincar às políticas, a brincar com coisas sérias que não deviam ser para brincar.
Com tudo isto das demissões, (in)competências ou não por parte do presidente da DG/AAC ou da sua direcção, esquecem-se que a casa fica descredibilizada à vista de todos. Precisam de outra festa académica como a Queima de há uns anos, com um buraco financeiro brutal, para caírem na realidade? Demorou anos à AAC conseguir sair do buraco de cara lavada... ANOS! mas vocês não devem saber disso. Não vos interessa a história para além da que vocês estão a fazer, para o vosso próprio futuro. Só vos interessa os excertos bonitos, embelezados para vós, com as utopias do "sonho que continua". Acordem meninos e meninas. O estatuto que vos incha o peito foi ganho com lágrimas e sangue de quem veio antes. Não venham tentar ganhar notoriedade com comunicados de imprensa atirados para todo o lado. Se a vocês só vos interessa o cargo, lembrem-se de quem paga propinas. Não são cruzes em quadrados, são pessoas. São esses que devem ser a vossa prioridade. Esses é que devem estar nos jornais, os seus problemas, as suas vitórias, as suas necessidades. Não vocês com as vossas luvas brancas (bem sujas) e orgulhos feridos.

Dizia eu que, aqui há uns tempos, a irreverência coimbrã estava viva. Pois bem, cambada de infantis atrofiados, vocês estão a matar essa irreverência. Estão a pisar a história, todos os seus 124 anos. Estão a virar as costas a tudo o que defende a "maior, mais antiga e mais ecléctica associação de estudantes do país". Para vós, isto não passam de palavras. Palavras ocas e sem significado. Vocês não merecem o chão em que pisam, não merecem o título que tão orgulhosamente ostentam, de dirigentes associativos. Vocês não merecem ser considerados adultos, nem merecem sequer a atenção que tão desesperadamente imploram - à reitoria, à cidade, ao governo, ao país!

Vocês não merecem a casa que é a Académica.

2 comentários:

  1. Acho que devias mandar isto pós jornais!!! eheh
    Mas falando mais a sério, "eles" deviam ler isto, para baixar a crista. Ainda por cima és jornalista, fazes correr bem a informação...;)
    Posso publicar no fb???? LOLOLOL

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  2. podes podes ;) se "eles" lerem, só vão ficar com os olhos em bico, porque não percebem de quem estamos a falar...

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